TBT CRIMINAL – Marcelo Pesseghini

TBT CRIMINAL – Marcelo Pesseghini

O caso conhecido como Chacina da Família Pesseghini ocorreu em agosto de 2013 e mesmo anos mais tarde, muitas pessoas ainda acreditam que a solução do caso não é verdadeira, gerando muitas dúvidas sobre o que realmente aconteceu. Queima de arquivo? Quatro vítimas ou cinco vítimas? Seria Marcelo Pesseghini o autor dos fatos?

Segundo a polícia, Marcelo Pesseghini, 13 anos, seria o autor dos quatro crimes executados com tiros precisos e teria se suicidado após voltar da escola e cair em si. Para outros, ele foi a quinta vítima dessa chacina que dizimou uma família de classe média, que se dividia em duas casas. Marcelo teria assassinado seu pai, Luís Marcelo Pesseghini, 40 anos, sargento da Rota; sua mãe Andréia Regina Bovo Pesseghini, 36 anos, cabo do 18º Batalhão; Benedita de Oliveira Bovo, 67 anos e Bernadete Oliveira da Silva, 55 anos, mãe e tia de Andréia, respectivamente.

De acordo com a polícia civil, Marcelo matou os parentes entre a noite de domingo (4) e a madrugada de segunda (5), pegou o carro da mãe, um Corsa Classic, dirigiu até a escola e passou a madrugada dentro do veículo. Pela manhã, ele frequentou as aulas normalmente e voltou de carona para casa com o pai do seu melhor amigo. Chegando lá, teria se matado. Segundo a perícia, todos os tiros saíram da mesma arma, a pistola .40 que pertencia a Andréia e foi encontrada na mão esquerda do garoto, que estava com o dedo no gatilho.

Luís Marcelo teria sido o primeiro a morrer, seguido da mulher, da avó e da tia.

O motivo do crime, de acordo com a polícia, foi uma doença mental que levou Marcelinho a acreditar que era o personagem de um videogame. Dentro dessa hipótese, o cenário que se tem é de um menino doente, que tomava muitos remédios e era cercado de cuidados, portador de fibrose cística, doença genética grave que afeta o funcionamento de secreções do corpo, levando a problemas nos pulmões e no sistema digestivo, além de diabético. Segundo relatos, Marcelinho, como era chamado, era um garoto tímido e de poucos amigos que passava horas jogando videogame, especialmente o violento “Assassin’s Creed”.

Porém, uma outra hipótese foi levantada. A de queima de arquivo, transformando Marcelinho de algoz para vítima. Acontece que, a cabo Andreia (mãe de Marcelinho) passou a denunciar um esquema de corrupção dentro da PM sobre furto de caixas eletrônicos. A possibilidade de retaliação ganhou força quando o comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, afirmou em entrevistas que Andréia Pesseghini havia colaborado com informações para uma investigação contra colegas que participavam de roubos de caixas eletrônicos. Em depoimento na Corregedoria da PM, porém, o coronel voltou atrás. Inclusive, a investigação iniciada pela cabo assassinada foi interrompida pela Justiça Militar, que sequer criou um inquérito.

Para a família, amigos e professores da escola de Marcelo, ele era um menino dócil, alegre, estava sempre junto da família, admirava a profissão dos pais, boas relações com os colegas e sempre alcançou um bom rendimento pedagógico.

No mês de agosto de 2018, os advogados dos avós paternos de Marcelo Pesseghini acionaram a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington (EUA), para reabrir o inquérito. Segundo os advogados, caso o órgão internacional aceite os documentos, uma comissão deverá ser criada para vir ao país investigar a morte da família e depois o caso será encaminhado à Corte Interamericana de Direitos Humanos. O objetivo é que a Corte condene o Brasil por ser omisso às provas do caso, além de pedir que interceda para retirar o nome de Marcelinho como culpado e que a investigação seja reaberta.

O que não ficou esclarecido sobre o caso:

  • Um laudo feito pelo perito norte-americano Mark Andrews, da Law Enforcement and Emergency Services Video Association, aponta que as imagens da câmera de segurança que mostram Marcelo saindo do carro da mãe e indo à escola foram manipuladas. De acordo com o laudo, faltam trechos no período marcado em 6:24:41. Além disso, o relógio pula de 6:24:41 para 6:24:43. À época, o vídeo não foi periciado. A polícia fez apenas um reconhecimento fotográfico e concluiu que era Marcelinho, mesmo a imagem tendo uma qualidade duvidosa.
  • Um vulto que aparece ao lado do garoto foi totalmente ignorado. Este, inclusive, foi o motivo que levou a advogada dos avós, Roselle Soglio, a procurar por um perito nos Estados Unidos para analisar os cinco minutos gravados. “Já se passaram quatro anos, fica muito difícil encontrar realmente quem é ou são os autores do crime, mas a família quer que Marcelinho seja considerado inocente. Ele também é vítima”, diz Roselle sobre os avós do garoto.
  • A versão da polícia não convenceu os avós de Marcelinho nem os vizinhos da família. Falhas e omissões durante a investigação colocam em xeque a conclusão da DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Para a advogada, a polícia ignorou várias pistas, como as câmeras de segurança em frente de uma escola infantil que ficava em frente ao colégio de Marcelo. Uma responsável pelo local chegou a admitir que nas imagens aparece um homem ao lado do garoto, mas elas não foram anexadas ao processo.
  • Há também contradições no depoimento da testemunha que encontrou os corpos, mas estas foram desconsideradas. Além disso, a polícia não investigou se a chacina não estaria relacionada ao fato de que Andréia teria denunciado um esquema de furto de caixas eletrônicos envolvendo policiais militares. O DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), no entanto, nega omissão e afirma ter depoimentos e laudos de balística que comprovam ser Marcelo o autor do crime.
  • Imagens de câmeras de segurança, incluindo as gravadas por uma escola infantil em frente ao colégio em que Marcelinho estudava, não foram incluídas no inquérito.
  • Uma página do Facebook em homenagem a memória do sargento Luís Marcelo Pesseghini foi criada às 16h48 do dia 5 de agosto, antes de a família morta ter sido encontrada, após as 18 horas.
  • De acordo com a polícia, Marcelinho matou a família em dez minutos. O cadáver de Luís Marcelo, porém, estava em adiantado estado de putrefação, diferentemente dos demais.
  • Ligações e mensagens recebidas no celular de Luís Marcelo antes de o corpo ser encontrado foram totalmente apagadas. A única mensagem que ficou no celular foi enviada pelo irmão de Marcelo após a PM já estar no local.
  • O sargento Luís Marcelo teria que estar às 5h no Batalhão da ROTA para uma operação. Ele não apareceu e ninguém foi atrás.
  • Testemunhas afirmam que viram uma moto com dois indivíduos em frente da casa de Luís pulando o muro no dia do crime, mas a situação foi ignorada.
  • As manchas de sangue encontradas nas paredes são incompatíveis com tiros efetuados por alguém da altura de Marcelinho.
  • O médico legista George Sanguinetti ao analisar as fotos da sala em que Marcelo e os pais foram encontrados mortos, Sanguinetti foi categórico ao afirmar que a posição do corpo do adolescente não é compatível com a de um suicídio, e sim, com a de um assassinato.

Fonte:

IstoÉ

G1

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