Lázaro Barbosa Souza, 33 anos, se tornou notícia nesta segunda-feira (14) e está aterrorizando os moradores no entorno de Brasília. Lázaro é suspeito de matar uma família no Distrito Federal e já passou a ser chamado nas redes sociais de “serial killer do DF.”
Seria esse um caso envolvendo um serial killer?
Para responder essa pergunta é preciso analisar o que se sabe até agora.
De acordo com as notícias que estão sendo veiculadas na internet desde ontem (domingo, dia 13), Lázaro é o suspeito de invadir a casa de uma família em Ceilândia, no Distrito Federal, na quarta-feira (9) e de ter matado Cláudio Vidal, de 48 anos, e os dois filhos, Gustavo Vidal, de 21, e Carlos Eduardo Vidal, de 15. Os três foram encontrados com marcas de tiros e facadas. A esposa de Cláudio, Cleonice Marques, 43, foi sequestrada e seu corpo só foi encontrado na tarde de sábado, em um córrego próximo a Sol Nascente, na Ceilândia.
No dia seguinte, Lázaro Souza também teria entrado armado em uma residência que fica a 3 km de distância da chácara onde cometera os três assassinatos. Rendeu o caseiro, o dono da chácara e a filha dele. Obrigou a mulher a fazer almoço, assistiu ao jornal na TV, comentou sobre o assassinato e depois fugiu levando mais de R$ 200,00, celulares, jaqueta e carregador de celular.
Na sexta, o homem faz mais um refém e rouba um carro em Ceilândia, no DF, e vai para a cidade de Cocalzinho (GO), onde incendeia o veículo. Lázaro entrou na fazenda de Cocalzinho, a cerca de 110 km da Capital Federal na tarde de sábado e manteve o caseiro como refém, obrigando-o a cozinhar e fumar maconha. Lázaro teria ainda ingerido bebida alcóolica, destruído o carro do rapaz e cortados os fios de wi-fi. Por volta das 19h, invadiu outra residência, baleou três pessoas, roubou duas armas e munições. Às 23h30, policiais foram acionados para uma ocorrência de incêndio em uma residência na região. A vítima diz que Lázaro ateou fogo na casa.
Um grupo de policiais militares de Goiás chegou à fazenda para abordar o suspeito. Mas houve a reação com 15 disparos de arma de fogo na direção dos agentes e então para uma mata nas proximidades.
Lázaro é investigado por outros crimes desde 2019, como sequestro, estupro e homicídio.
Com o que se sabe até o momento não se trata de um caso envolvendo serial killer, mas sim de um spree killer ou assassinato relâmpago.
Como assim?
Vem que eu vou te explicar de forma bem objetiva!
É muito comum que as pessoas confundam os termos serial killer (assassinos em série), assassinos em massa (mass murderers) e assassino relâmpago (spree killers) e utilizem como sinônimos. Contudo, não são sinônimos e existem, importantes diferenças entre eles.
O serial killer comete vários assassinatos, matando mais de duas vítimas, com um determinado intervalo de tempo durante esses crimes, às vezes dias, anos. Existe um período de resfriamento. Segundo o FBI, o assassino em série é definido como “três ou mais eventos separados em três ou mais locais separados com um período de resfriamento emocional entre os homicídios”. O período de resfriamento consiste no tempo que o assassino retoma as suas atividades rotineiras entre as mortes. Esse período pode durar dias, semanas, meses e até mesmo anos.
Já, o assassinato em massa tirando o fato que envolvem homicídios múltiplos, não tem quase nada em comum com um caso envolvendo serial killer. O assassino em massa é definido como uma “bomba-relógio humana”. Em geral, o assassino em massa é alguém cuja vida saiu dos trilhos e tomado por uma fúria, explode em um surto de violência devastadora. O assassinato em massa é quase um ato suicida. Quase sempre o assassino põe fim á própria vida. Ou seja, nesse cenário, diversas pessoas são mortas, em um único momento e em um único local.
Por fim, o spree killer ou assassinato relâmpago, com uma importante exceção, tem mais ou menos fenômenos idênticos ao assassinato em massa. Assim como o assassino em massa, o assassino relâmpago é alguém que se tornou tão profundamente alienado e amargurado que não se sente mais conectado à sociedade humana. A fúria assassina é a maneira que o indivíduo encontra para se vingar do mundo e um desejo de mostrar que ele é alguém que merece consideração. Ele deseja provar que é especial em seu poder de devastação. A diferença determinante entre o assassino relâmpago e o assassino em massa tem a ver com o movimento. O assassino em massa mata em um só lugar enquanto o assassino relâmpago se desloca de um lugar a outro matando no percurso. O spree killer é definido como a morte de três ou mais vítimas em mais de um local sem um período de resfriamento entre os assassinatos.
O correto é “spree killer do DF”!
Na minha opinião, a partir de uma análise bibliográfica, se trata de um spree killer ou assassino relâmpago. Veja que no presente caso existe um deslocamento, o assassino se descoloca de um lugar para o outro entre os crimes e não tem o período de resfriamento, condição essencial para caracterizar um serial killer.
É certo que a minha opinião é baseada apenas nas notícias veiculadas nos jornais e sem conhecer a investigação intrinsicamente. Portanto, é meramente informativa.
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Fonte:
SCHECHTER, H. Serial killers: anatomia do mal. Rio de Janeiro: DarkSide Books, 2013.
NEWTON, Michael. A enciclopédia de serial killers: Um estudo de um deprimente fenômeno criminoso, de “Anjos da morte” ao matador do “Zodíaco”. São Paulo: Madras, 2014.